MALVACEAE

Gaya gaudichaudiana A.St.-Hil.

Como citar:

Patricia da Rosa; Raquel Negrão. 2017. Gaya gaudichaudiana (MALVACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

3.874,676 Km2

AOO:

20,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

De acordo com Esteves e Takeuchi (BFG, 2015), a espécie é endêmica do Brasil, com ocorrência exclusiva ao estado do Rio de Janeiro e associada a vegetação de Restinga. Diversos registros em diversos outros estados brasileiros são atribuídos a esta espécie, mas após validação, o especialista M. Bovini confirmou o endemismo para o estado do Rio de Janeiro.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Patricia da Rosa
Revisor: Raquel Negrão
Critério: A2ac;B1ab(i,ii,iii,iv)+2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: EN
Justificativa:

Espécie subarbustiva terrícola que apresenta distribuição nos municípios de Arraial do Cabo, Cabo Frio, Macaé e Rio de Janeiro (EOO=3388 km²; AOO=24 km²). Ocorre em fisionomias de Restinga (BFG, 2015), região intensamente fragmentada e historicamente explorada. Ainda hoje a Restinga do estado do Rio de Janeiro é impactada pela expansão urbana e especulação imobiliária e pecuária (Bovini, com. pess.; Bohrer et al., 2015; Ribeiro e Oliveira, 2009; Davidovich, 2001; Leme, 2000). Considerando o processo histórico de ocupação das Restingas do estado e as ameaças incidentes na área de distribuição da espécie, estima-se uma redução populacional de aproximadamente 50%. Infere-se o declínio contínuo da EOO, AOO, qualidade do hábitat e número de subpopulações.

Último avistamento: 2013
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

A espécie foi descrita originalmente na obra Flora Brasiliae Meridionalis (quarto ed.) 1(5): 192. 1825[1827]. Gaya gaudichaudiana compreende subarbustos com 0,5-0,9 m de altura, prostrados ou eretos que podem ser reconhecidos pelos tricomas glandulares adensados nos ramos e no cálice, pétalas amarelo-escuras sem mancha basal e pelos mericarpos com tricomas simples longos na porção basal do lado ventral (lado em que o mericarpo está preso à columela) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2017).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: subshrub
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Área antrópica, Restinga
Fitofisionomia: Vegetação de Restinga, Área de Formações Pioneiras
Habitats: 3.5 Subtropical/Tropical Dry Shrubland
Detalhes: A espécie é caracterizada como subarbusto terrícola ocorrendo em fisionomias de Restinga (BFG, 2015), região intensamente fragmentada e historicamente explorada.
Referências:
  1. BFG (The Brazil Flora Group), 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66(4):1085–1113. doi: 10.1590/2175-7860201566411.5

Reprodução:

Fenologia: flowering (Jul~Jul), flowering (Jun~Oct)

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas locality,habitat,occupancy,occurrence,mature individuals past,present,future regional very high
O adensamento populacional na Região dos Lagos vem crescendo consideravelmente nas últimas décadas, em função, principalmente, de investimentos na infraestrutura de transporte, que facilitou o investimento imobiliário (Davidovich, 2001). A Região dos Lagos vem apresentando nas últimas quatro décadas um ritmo de crescimento bem acima da média estadual e mesmo nacional, em decorrência dos royalties da exploração de petróleo na plataforma continental, mas sobretudo por sua vocação para o turismo em sua orla marítima, que influenciou toda sua infra-estrutura urbana (Ribeiro e Oliveira, 2009). As áreas antrópicas recobrem cerca de 60% da área da região de Cabo Frio, e arredores, um importante centro de biodiversidade mundial (Bohrer et al., 2015). As áreas antrópicas recobrem cerca de 60% da área do Centro de Diversidade Vegetal (Bohrer et al., 2015). As áreas mais afetadas estão localizada nas sedes municipais, no entorno da Lagoa de Araruama, ao longo das rodovias RJ 106 e RJ 140 e nas áreas costeiras (Bohrer et al., 2015). A vegetação de restinga, outrora existente entre os municípios de Cabo Frio e Casimiro de Abreu, foram praticamente eliminadas nos últimos 20 anos. O principal motivo para essa perda foi a acentuada crescimento de empreendimentos imobiliários e loteamentos que hoje dominam o cenário local (Leme, 2000).
Referências:
  1. Bohrer, C.B. de A., Dantas, H.G.R., Cronemberger, F.M., Vicens, R.S., Andrade, S.F. de. 2015. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Mapeamento da vegetação e do uso do solo no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio , Rio de Janeiro. Rodriguésia 60, 1–23.
  2. Davidovich, F. 2001. Metrópole e território : metropolização do espaço no Rio de Janeiro. Cad. Metrópole 6, 67–77.
  3. Leme, E.M.C. 2000. Niudularium - bromélias da Mata Atlântica, in: Niudularium - Bromélias Da Mata Atlântica. Sextante, Rio de Janeiro, RJ.
  4. Ribeiro, G., Oliveira, L.D. de. 2009. As Territorialidades da Metrópole no Século XXI: Tensões entre o Tradicional e o Moderno na Cidade de Cabo Frio-RJ. Geo UERJ 3, 108–127.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming locality,habitat,occurrence,occupancy past,present,future regional high
O solo da região conhecida como Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio possui cerca de 41 % em estágio degradado, com predomínio para as pastagens para pecuária de corte em grandes propriedades (Bohrer et al., 2009).
Referências:
  1. Bohrer, C.B. de A., Dantas, H.G.R., Cronemberger, F.M., Vicens, R.S., Andrade, S.F. de, 2015. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Mapeamento da vegetação e do uso do solo no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio , Rio de Janeiro. Rodriguésia 60, 1–23.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
Algumas localidades que apresentam registros da espécie estão localizadas no Parque Estadual da Costa do Sol e APA Massambaba. Porém, até o momento o parque ainda não apresenta Plano de Manejo e tem problemas de fiscalização das invasões de residências sobre as dunas e restingas (R.A. Braga com. pes.).